E lá
estava eu, novamente esperando. Já era a segunda vez que eu tentava fazer
contato com um dos grandes e eles não vinham a meu encontro. Mas talvez dessa
vez fosse mudar pra variar.
Olhei a
minha volta por um segundo, sequer havia notado o quão belo era aquele lugar em
que estava. Um belíssimo vale, assim posso resumir. Como qualquer vale, ficava
entre duas montanhas moderadamente altas, em sua base corria um pequeno córrego
cortado por uma singela ponte de madeira vermelha um tanto envelhecida pela
chuva e o frio extremo, um pouco mais acima eu podia ver alguns bodes sobre as
pedras, se equilibrando perfeitamente, com uma destreza inquestionavel. Também notei uma trilha que subia a partir da
pequena ponte e cortava o monte até o seu cume, que a mim era invisível pelo ângulo
em que me encontrava.
Mas o
vale em si era a coisa mais bela. Era uma pequena faixa de terra entre as montanhas,
tinha uma grama perfeitamente aparada, algumas árvores, e varias flores
espalhadas aleatoriamente por toda a extensão da terra. Apesar do frio, vários animais
também se encontravam ali. Algumas espécies muito estranhas que imagino que
tenham vindo de uma época muito distante. Eram criaturas muito pequenas com
orelhas enormes para seu tamanho, tinham pelos por todo o corpo e andavam
saltitantes, como se estivessem sempre felizes.
Uma trilha
cortava o centro do vale levando à uma casinha muito modesta, com apenas duas
janelas e uma porta. Uma cerca branca de madeira impedia a entrada dos animais
e alguns arbustos enfeitavam o pátio abaixo das janelas. As telhas tinham um
tom meio avermelhado e uma chaminé se erguia sobre o telhado cuspindo uma fina
nuvem de fumaça branca ao céu, o que me fez acreditar que havia alguém em casa.
Quando eu
estava prestes a desistir de esperar senti algo que jamais sentira antes. Todo o
meu corpo se aqueceu subitamente e uma sensação de esperança e força nasceu
dentro de mim. Senti como se tudo o que me fazia mal tivesse sumido, me senti
mais forte, corajoso e... vivo! Isso! Eu me senti mais vivo naquele momento. Eu
não sabia de onde teria saído súbita injeção de energia, mas já tinha uma idéia.
Olhei para o céu, e os meus pensamentos se provaram verdadeiros.
Flutuando,
uns 5 metros acima de mim, estava a criatura mais incrível que eu já vira. Era
um homem muito jovem, com expressões suaves e olhar piedoso. Tinha longos
cabelos negros que caiam como uma cachoeira por cima de seus ombros. Os seus
olhos, extremamente brilhantes, tinham cor de esmeralda e eram muito profundos,
como se já tivessem visto todas as desgraças e conquistas do mundo. O sujeito
usava uma armadura completa, exceto pelo elmo que carregava em sua mão
esquerda. A roupa de proteção era totalmente verde, muito polida e com algumas
pedras negras cravadas nos braços.
O peito
tinha, em relevo, a face de um dragão com olhos de ametista e com dentes do
tamanho de dedos. Em seu braço direito, possuía um escudo de formato perfeitamente
circular com algumas pedras brilhantes cravadas e com o símbolo do povo do
vento no centro.
Em sua
cintura, embainhada, estava sua espada. Clássicas na terra do ar, as espadas
dos guerreiros Yahas eram produzidas através da combustão do ferro por dragões,
até que essa técnica de forja foi banida, pelo perigo extremo que representava,
tornando essa espada, a ultima produzida dessa maneira. A parte de traz da
armadura do guerreiro, possuía duas fendas que davam passagem a duas enormes
asas brancas extremamente belas.
Não haviam
duvidas, aquele parado na minha frente era Oxy, o espírito do vento.
Muito boa a história e muito bem escrita também. Parabéns!
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