sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Capítulo quatro - Memorias de um deserto


                A viagem até Haz foi tudo, menos interessante. Quando eu partira de meu encontro com o espírito do vento, o sol estava no topo do céu. Calculei que deveria chegar a Haz dentro de 20 ciclos solares mas infelizmente não tive essa sorte. Tracei todas as rotas antes de sair. Mesmo sem um mapa, já conhecia aquele território há muito tempo, então me perder era quase impossível.
                Eu seguiria na direção do nascente até avistar a cidade de Tehsy, uma das maiores da província da terra, e assim o fiz. Quando avistei os muros da cidade, encoberta por uma enorme tempestade de areia fiquei feliz por encontrar civilização. Andar pelos desertos sozinho é muito perigoso, ainda mais desprotegido. Eu realmente pensava que não ia conseguir, até ver a minha salvadora cidade.
                Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, ver aquela cidade me lembrava de minha terra natal, um lugar muito lindo, que foi totalmente arrasado na guerra entre os terrenos e os grandes. Mesmo tendo saído de lá ainda pequeno, ainda podia ver os rostos de todas as pessoas da cidade, gente muito feliz e acolhedora, e que provavelmente deveriam estar todos mortos agora. Lembrava da escola de magia que freqüentava, de todos os meus amigos de infância, de meus mestres, de meus vizinhos, dos senhores muito simpáticos que faziam a colheita na fazenda e que sempre davam a mim e aos outros garotos umas frutas de seus cestos. Lembrava também de minha família é claro. Nunca os esquecera. Talvez durante a fuga tenham conseguido se salvar, mas isso continuava um mistério para mim. Assim como o fato de uma briga entre as divindades ter acabado com muitas civilizações, mas claro, aquilo havia acontecido há séculos atrás.
Ah, desculpem, esqueci de informar. Durante minhas viagens ao redor do mundo, conheci inúmeros mestres, magos, feiticeiros, e necromantes (não, não são todos a mesma coisa) e com todo o estudo dado por eles, aprendi a canalizar a força da natureza para meu corpo, mantendo-o jovem sempre. Mas isso estava se tornando cada vez mais difícil. O mundo estava entrando em guerra novamente, e consequentemente, a natureza era novamente ignorada, sendo apenas um campo de batalha nas mãos da ambição dos celestes, sinceramente, acho que se fosse pro mundo continuar em guerra, que os humanos ainda os dominassem. Os “divinos” como gostam de ser chamados, condenaram os seres humanos pela sua ganância e ambição, mas era exatamente assim que os mesmos estavam se comportando naquela situação.
Observei a cidade novamente. Parecia tão calma, como se todos os habitantes estivessem livres de preocupações, um privilégio que eu não tinha há muitos anos. Desci a encosta de areia e fui de encontro aos portões de Thesy, já estava anoitecendo, e eu precisava urgentemente de um local seguro para dormir.
- Olá – me dirigi ao guarda que controlava a entrada da cidade.
- Somente assuntos governamentais forasteiro. A cidade está fechada.
- Mas o que aconteceu aqui?
- Onde esteve nos últimos dez anos? O a guerra não nos permite o luxo de ficarmos calmos. Portanto, se não tem nenhum assunto oficial para tratar aqui, sugiro que volte pra casa.
- Certo, assim farei. Obrigado. – mas é claro que não faria aquilo. Eu não aprendera só a me manter jovem em minhas viagens, também aprendera os segredos da mente. Poderia facilmente invadir uma mente tão frágil e fazê-lo me abrir o portão para mim. E foi isso que fiz.
Concentrei-me na mente do guarda. Li todos seus pensamentos. Senti todas as suas dores, suas alegrias e sonhei todos os seus sonhos. Descobri que seu nome era Seth, e que ele perdera toda sua família em uma invasão de demônios comandados por Chaos. Também notei que ele era apaixonado por uma mulher chamada Samanta, a dona da loja de suprimentos da cidade, e que iria pedi-la em casamento naquela noite, se não tivesse sido obrigado a cuidar dos portões da cidade. Por um momento senti pena do homem, e fiquei muito mal por ter o julgado tão mal. Então fui logo ao que interessava. Minha entrada na cidade. Disparei esse pensamento contra o guarda e ele imediatamente me parou.
- Senhor. Venha comigo, posso abrir os portões para você. Só quero que assine seu nome aqui. Ordens do chefe.
- Tudo bem soldado, assim farei – assinei meu nome no pergaminho que o homem “Deegan, o mago da água”



Foi mal pelo atraso, acabei ficando sem pc ontem :S

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